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terça-feira, maio 11, 2010

Sara



Hoje cheguei a casa e como já começa a ser habitual lá fui ver os e-mail´s
que normalmente são mais de brincadeira do que assunto para levar a sério.
Então ao abrir deparei-me com um que.....bem....marcou. Meu amigo manda
um e-mail que tenho que colocar no Blog, que tenho que o reler vezes a fio.
Espero que ajude....pois não existe NADA mais Puro que as nossas crianças.



O meu nome é Sara


O meu nome é ''Sara''
Tenho 3 anos
Os meus olhos estão inchados,
Não consigo ver.

Eu devo ser estúpida,
Eu devo ser má,
O que mais poderia pôr o meu pai em tal estado?

Eu gostaria de ser melhor,
Gostaria de ser menos feia.
Então, talvez a minha mãe me viesse sempre dar miminhos.

Eu não posso falar,
Eu não posso fazer asneiras,
Senão fico trancada todo o dia.

Quando eu acordo estou sozinha,
A casa está escura,
Os meus pais não estão em casa.

Quando a minha mãe chega,
Eu tento ser amável,
Senão eu talvez levaria
Uma chicotada à noite.

Não faças barulho!
Acabo de ouvir um carro,
O meu pai chega do bar do Carlos.

Ouço-o dizer palavrões.
Ele chama-me.
Eu aperto-me contra o muro.

Tento-me esconder dos seus olhos demoníacos.
Tenho tanto medo agora,
Começo a chorar.

Ele encontra-me a chorar,
Ele atira-me com palavras más,
Ele diz que a culpa é minha, que ele sofra no trabalho.

Ele esbofeteia-me e bate-me,
E berra comigo ainda mais,
Eu liberto-me finalmente e corro até à porta.

Ele já a trancou.
Eu enrolo-me toda em bola,
Ele agarra em mim e lança-me contra o muro.

Eu caio no chão com os meus ossos quase partidos,
E o meu dia continua com horríveis
palavras...

'Eu lamento muito!', eu grito
Mas já é tarde de mais
O seu rosto tornou-se num ódio inimaginável.

O mal e as feridas mais e mais,
"Meu Deus por favor, tenha piedade!
Faz com que isto acabe por favor!'

E finalmente ele pára, e vai para a porta,
Enquanto eu fico deitada,
Imóvel no chão.

O meu nome é 'Sara'
Tenho 3 anos,
Esta noite o meu pai *matou-me*.

segunda-feira, maio 10, 2010

Esquecido




É incrível como por vezes conseguimos, ainda que inocentemente, ser egoístas. Já à muito tempo atrás me fizeram uma pergunta que por momentos .... parei para pensar. - Qual o teu maior receio! Qual o meu maior receio............ - Bem, o meu maior receio é ser esquecido. E é o meu maior receio! Não tenho receio ou medo da morte, do dia de amanhã, mas sim muito receio que seja esquecido. Que meus amigos e família não se lembrem de mim principalmente após a minha partida. Acho como qualquer pessoa gostaria...de ser lembrado. Pois bem, hoje percebi que afinal sou egoísta. Sou egoísta porque penso em mim e esqueci-me dos outros já esquecidos. Dos que partiram e dos que estão presentes. Não falo só em nossa família, mas sim amigos e aqueles que nos rodeiam. Daqueles que se sentem só, que não têm com quem desabafar ou conversar, sorrir ou mesmo chorar. Pois....eu não quero ser esquecido mas esqueci. Claro que hoje não temos tempo para nada...trabalho, casa, casa, trabalho, mas será mesmo que não temos um tempo para dar. Paremos para dar um pouco do nosso muito tempo aos que desejam ser lembrados.

"Lembro-me sempre de ti em
minhas orações, rogando constantemente
a Deus, o Pai, em nome de seu Santo Filho Jesus, que
ele, por sua infinita bondade e graça, te
conserve constante na fé em seu nome até ao fim."

Morôni 7:3
Livro de Mórmon

sexta-feira, maio 07, 2010

O Segredo da Felicidade





Certo mercador mandou o filho para aprender o Segredo da felicidade com o mais sábio de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto, até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha. Lá vivia o Sábio que o rapaz procurava.
Ao invés de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma actividade imensa; mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma pequena orquestra tocava melodias suaves e havia uma farta mesa com os mais deliciosos pratos daquela região do mundo. O sábio conversava com todos e o rapaz teve que esperar duas horas até chegar a sua vez de ser atendido.
O sábio escutou atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo para lhe revelar o Segredo da Felicidade.
Sugeriu que o rapaz desse um passeio pelo seu palácio e voltasse daí a duas horas.
- Entretanto quero pedir-te um favor – completou o sábio, entregando ao rapaz uma colher de chá, onde deitou duas gotas de óleo. – Enquanto estiveres a caminhar, segura esta colher na mão sem deixares que o óleo seja derramado.
O rapaz começou a subir e a descer as escadarias do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher. Ao fim de duas horas, voltou à presença do sábio.
- Então perguntou o sábio – viste as tapeçarias da pérsia que estão na minha sala de jantar? Viste o jardim que o Mestre dos Jardineiros levou dez anos a criar? Reparaste nos belos pergaminhos da minha biblioteca?
O rapaz, envergonhado, confessou que não tinha visto nada. A sua única preocupação fora a de não derramar as gotas de óleo que o sábio lhe tinha confiado.
Pois então volta e conhece as maravilhas do meu mundo – disse o sábio. – Não podes confiar num homem se não conheceres a sua casa.
Já mais tranquilo, o rapaz pegou na colher e voltou a passear pelo palácio, desta vez reparando em todas as obras de arte que pendiam do tecto e das paredes. Viu os jardins, as montanhas ao redor, a delicadeza das flores, o requinte com que cada obra de arte estava colocada no seu lugar. De volta à presença do sábio relatou pormenorizadamente tudo o que tinha visto.
- Mas onde estão as duas gotas de óleo que te confiei? – perguntou o sábio.
Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as tinha derramado.
- Pois este é o único conselho que tenho que te dar – disse o mais sábio dos sábios. – O segredo da Felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo e nunca esquecer as duas gotas de óleo na colher.




Retirado do livro Alquimista


De Paulo Coelho
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